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Carlos Junior é jornalista, analista político e gestor de tráfego na AG22

Um giro na roda gigante. Os verdes levaram!

Quando Henrique Stein Sciascio perdeu as eleições de 2020 para deputado federal, com pouco mais de 47 mil votos, muitos acreditavam que sua carreira política estava em declínio. Afinal, ele havia perdido mais de 7 mil votos em quatro anos, o que foi interpretado como um sinal de descrédito. Mas, como dizem, “a roda gigante sempre gira.” Henrique se elegeu prefeito de Sumaré em um segundo turno inédito, polarizando diretamente com o vereador Willian Souza.

Henrique conquistou exatamente 72.003 votos, ou 58,22% dos votos válidos, um marco como a maior votação já obtida por um candidato a prefeito em Sumaré. Do primeiro para o segundo turno, seu apoio cresceu em 14.832 votos. Em contraste, Willian Souza ampliou sua base de 40.550 para 51.668 votos, um aumento de 11.118. 

Em termos percentuais, Willian teve um crescimento de 27,4%, enquanto Henrique cresceu 25,9% - uma diferença que se mostrou impossível de tirar. Assim, a distância entre os dois candidatos, que já era significativa no primeiro turno com 16.621 votos, se ampliou para 20.335 votos no segundo turno, consolidando uma vitória expressiva para Henrique, que passará da cadeira de vice-prefeito diretamente para a de prefeito – um movimento similar ao feito por Luiz Dalben em 2017, ao derrotar a ex-aliada Cristina Carrara.

A eleição municipal de Sumaré em 2024 também refletiu o processo eleitoral para governador de São Paulo em 2022. Naquela ocasião, Tarcísio de Freitas alcançou 63.745 votos (47,97%) no primeiro turno, superando Fernando Haddad (36,92%) e Rodrigo Garcia (12,35%). No segundo turno, Tarcísio venceu em Sumaré com 80.961 votos (57,53%), contra 59.767 (42,47%) de Haddad. Separando os três grupos políticos locais, o cenário foi bastante parecido.

Neste ano, o apoio da família Dalben a Willian, liderada pelo deputado estadual Dirceu Dalben e pelo prefeito Luiz Dalben, não foi suficiente para garantir a continuidade de seu grupo na prefeitura. Essa mudança reforça uma tendência de rotatividade do eleitorado. Aponta também o teto da esquerda na cidade, como ocorreu em outras cidades do país. Os melhores quadros que foram derrotados não passaram de 40%.

O segundo turno também trouxe um índice de abstenção elevado, de 32,92%, com 66.838 eleitores não comparecendo às urnas. Comparativamente, em 2020, durante a pandemia, o número de abstenções foi de 52.289 (27,61%) em um turno único. No último domingo, além disso, 12.523 eleitores optaram por votos em branco ou nulo.

Além de representar o retorno de um prefeito da região central após oito anos, o resultado das eleições traz implicações profundas para o cenário político da cidade. Não se trata apenas de uma vitória individual de Henrique do Paraíso, mas do desdobramento de novas histórias, alianças e ciclos geracionais.

ANDRÉ DA FARMÁCIA

De vereador a aliado estratégico, André da Farmácia se destacou na dobradinha com Henrique e, ao lado do pai, Welington da Farmácia, emerge como um dos grandes vitoriosos. Apesar dos desgastes políticos da família, ele superou as expectativas e deve assumir uma posição de destaque no governo Henrique, provavelmente ocupando uma secretaria relevante.

WILLIAN SOUZA

Como líder de uma forte bancada na Câmara, Willian sai da disputa fortalecido, apesar de perder o mandato pela primeira vez em oito anos. Com um capital político de 51 mil votos, ele se projeta como uma das principais lideranças de esquerda da região e provavelmente se candidatará nas eleições de 2026.

DÉCIO MARMIROLLI

Com quase 72 anos, Décio participou do pleito possivelmente pela última vez. Integrando a chapa de Willian, ele assumiu o papel de representante da direita dentro da coligação e para carregar o apoio de eleitores tradicionais.

FAMÍLIA DALBEN

Mesmo sem concorrer, o deputado estadual Dirceu Dalben teve um impacto significativo, enfrentando um revés após uma sequência de vitórias. Agora, terá de reorganizar sua atuação em Sumaré. Luiz Dalben, prefeito por oito anos, também encerra seu mandato sem conseguir eleger um sucessor, enfrentando um cenário de perda de apoio. No entanto, ainda terá cadeiras mais fieis na Câmara. Eder Dalben, embora tenha representado a família na tentativa de seguir a estratégia vitoriosa de 2016, não conseguiu avançar ao segundo turno. No entanto, Eder pode continuar no cenário político, com potencial para novas candidaturas no futuro – usando, desta vez, características próprias.

TONINHO MINEIRO

Em contraste com campanhas passadas, Toninho teve uma atuação mais discreta. Em 2016, obteve 17.544 votos, mas nesta eleição ficou com apenas 5.960, correspondente a 4,63% dos votos válidos. Não manifestou opinião no segundo turno e sua participação limitada sugerem que sua trajetória política pode estar próxima do fim.

BASE DE APOIO

Para governar Sumaré, Henrique precisará exercer grande habilidade de articulação. Sua base contará com cinco vereadores, além do apoio individual que recebeu do vereador Tião Correa (PSDB) no segundo turno. Contudo, ele enfrentará uma oposição consolidada e precisará buscar alianças com outros vereadores para assegurar maioria em projetos cruciais.

ALAN LEAL

Um dos grandes destaques da eleição foi Alan Leal, que saiu de 1.299 votos em 2020 para 3.376 neste ano, tornando-se o vereador mais votado. Ele conduzirá a cerimônia de posse no próximo ano, simbolizando uma das poucas mudanças em uma Câmara marcada por baixa renovação.

NOVIDADES

A composição atual da Câmara também aponta para baixa renovação. Dos 21 eleitos no dia 6 de outubro, somente dois, de fato, vão estrear no Legislativo: Welington Souza (PT), que vai representar o irmão Willian Souza, e Cezão da Farmácia (PP).

VOLTARAM

O novo ciclo legislativo trará de volta sete ex-vereadores sem mandato: Welington da Farmácia (MDB), Fabinho (PSD), Allan Sangali (PSB), Dudu Lima (Cidadania), Professor Edinho (REP), Tavares (PL), e Geraldo Medeiros (PT), este último após um intervalo de oito anos.

NÃO VOLTAM

Por motivos diferentes, nove vereadores não voltam: André da Farmácia (MDB), Toninho Mineiro (Mobiliza) e Willian Souza (PT) disputaram a prefeitura; Fernando do Posto (PSD), Gilson Caverna (PSB), Rodrigo Dorival Gomes (Cidadania), Sirineu Araújo (PRTB) e Ulisses Gomes (PT) tentaram a reeleição e não tiveram sucesso. Silvio Coltro (PRTB) não foi candidato com a expectativa de ser o vice-prefeito na chapa de Eder. Lançou o filho Igor Coltro, mas não teve sucesso. Na véspera da eleição, declarou apoio a Henrique do Paraíso.

E AGORA?

O futuro político de Sumaré dependerá de como cada peça do tabuleiro se movimentará, lidando com suas forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. A presidência da Câmara, novos acordos e alianças, a escolha de secretários, a relação com os servidores, as condições econômicas e as eleições de 2026 serão decisivos na configuração dessa nova dinâmica, que promete mais uma volta significativa na roda gigante política da cidade.

Carlos Junior é jornalista, analista político, gestor de tráfego na AG22 e pós-graduando em Gestão de Marketing

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