Cultura
Cabelin: “Os artistas vão deixar um presente em forma de arte para nossa cidade”

Mestre Chiquinho recebe homenagem em mural de graffiti no 5º Festival Jacuba

Ícone da cultura popular de Hortolândia compõe obra de arte coletiva que recebeu, também, elementos da natureza e do povo indígena, desenhados por artistas de cinco Estados Brasil e três da região

Francisco Aparecido Borges de Almeida, o mestre Chiquinho, ícone da cultura popular em Hortolândia, tem sua imagem eternizada no mural de graffiti pintado por artistas de cinco estados do Brasil e três da região durante o 5º Jacuba Festival de Graffiti, realizado neste final de semana, na Unidade Cultural Arlindo Zadi, no Jardim Amanda. A obra de arte coletiva também conta com elementos da natureza e da cultura indígena.

Pelo menos 500 pessoas passaram pelo festival, entre elas, o prefeito Zezé Gomes (PL). O evento é uma realização da Prefeitura de Hortolândia com a Equipe Jacuba Graffiti, coordenada pelos artistas urbanos Kranium e Cabelin.

O artista urbano Korea, do estado de Sergipe, assina a pintura de Mestre Chiquinho, morador de Hortolândia desde 1976. Na pesquisa sobre a cidade, o grafiteiro diz que se identificou com o homem que cultiva manifestações culturais semelhantes às do seu estado como folia de reis, catira e moda de viola caipira.

No desenho de traços perfeitos, o comandante da Orquestra de Viola de Hortolândia aparece do lado direito do mural com o instrumento de corda (símbolo maior da sua arte), com as mãos juntas, em sinal de agradecimento. “Emociona muito a homenagem porque a gente sabe que ao passar meu nome ficará na história de Hortolândia. Só tenho a agradecer. Peço saúde a Deus pra continuar levando os fazeres da cultura caipira à nova geração”, comentou mestre Chiquinho, que esteve no festival com a família.

Os artistas também deixaram estampados no mural, de mais de 50 m², elementos da cultura regional de cada um. O desenho de uma índia chama a atenção no paredão e representa a cultura indígena do Amazonas, com a assinatura da artista Chermie. Ramon Phanton, de Goiás, desenhou cajus, fruta muito encontrada na sua região.

Um beija-flor registra a paixão da artista Ludbird pelos pássaros. Veio Art, de Recife, escolheu como personagem um violeiro nordestino para deixar sua mensagem de alegria. O instrumento musical é estilizado com fitinhas de cetim, típicas do Recife.

Para o artista urbano Leandro Kranium, um dos coordenadores do festival, o projeto apresenta avanços na sua quinta edição. “O processo de colocar Hortolândia no mapa do graffiti está se consolidando. As pessoas da cidade estão começando a reconhecer o Jacuba como um importante festival. Ampliamos as ações comparado às outras edições, realizamos o city tour para os artistas conhecerem a cidade, fizemos o lançamento do projeto”, avalia Kranium.

“Além disso, houve aumento de investimento por parte da Prefeitura e conseguimos profissionalizar o projeto em várias áreas. A interação dos artistas com o público e os artistas locais foi legal. Recebemos elogios de artistas da região. O prefeito visitou e quer que o festival continue”, completa o artista.

Durante o festival foram produzidos 100 metros quadrados de arte com spray somados o mural gigante e o reservatório de água da Unidade Arlindo Zadi, pintado pelos artistas Kranium e Cabelin. Para produzir as duas obras de arte foram necessários quatro dias e 200 latas de tinta spray de 400 ml, o equivalente a 80 litros. O festival contou com a animação de DJ, food trucks e feira com exposição do trabalho dos artistas.

PRESENTE EM FORMA DE ARTE

No lançamento do evento, na noite de quinta-feira (19), Chermie, grafiteira e muralista, enfatizou que a sua participação no festival vai além de desenhar com a técnica de graffiti. “Quero deixar um pouco nossa cultura indígena em Hortolândia”, comentou a artista originária da tribo Kokama.

“Os artistas vão deixar um presente em forma de arte para nossa cidade”, resumiu o artista Helio Domingos da Luz, o Cabelin, também coordenador do festival.

O Jacuba Festival de Graffiti deve acontecer uma vez por ano. Segundo Kranium, está prevista, ainda neste ano, a segunda edição do Festival Jacuba Graffiti Girls, que reunirá somente artistas mulheres.

“Estamos consolidando o grafitti como elemento de política pública da nossa cidade e todos ganham, pois, os artistas realizam intercâmbio com representantes de outros estados e a cidade fica cada vez mais bonita”, afirma o secretário municipal de Cultura, Régis Bueno.

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